24 de outubro de 2008

Quando vai a ASAE actuar nos táxis?

Tomei conhecimento através de um amigo que o blog http://puxapalavra.blogspot.com/ tinha feito um post sobre as condições deploráveis a que foi sujeito ao viajar num táxi.
Embora não seja meu objectivo confrontar ideias com clientes sobre o bom ou mau funcionamento dos táxis, achei que por uma vez podia fugir ás minhas regras e fazer referencia a esse post.
Tentei unicamente demonstrar que há bons profissionais neste sector e que motoristas de táxi são diferentes de táxistas.
O que escreveu:
Quando vai a ASAE actuar nos táxis?
Os donos dos táxis queixam-se de tudo: impostos, combustíveis, etc.
Provavelmente terão muita razão.
E eu queixo-me dos táxis. Ultimamente tenho recorrido bastante ao táxi. Desde a limpeza, a carros que não oferecem o mínimo de segurança, a motoristas a fumar quando vão vazios, ... há de tudo.
Ainda esta manhã utilizei um taxi. Saltavam -lhe as mudanças e o incómodo era visível, tanto que, a dada altura, reagi e o motorista diz-me, sabe a ASAE aqui não funciona porque senão mais de 50%, sobretudo das frotas dos grandes proprietários de táxis eram retirados do mercado pois não têm condições exactamente como este que é duma dessas frotas. "Um dia destes sou eu que chamo a ASAE" - dizia-me o taxista. Entusiasmei - o porque de facto o utente não tem de aguentar aquelas "pocilgas"
A minha resposta:
Muito boa tarde, tomei conhecimento deste seu artigo através de um fórum e de uma pessoa amiga, gostava de deixar a minha opinião apenas no sentido de defender tantos motoristas de táxi que andam por aí e que se preocupam com o bem estar dos clientes.
Sou filho de um motorista de táxi que exerce a profissão vai para 57 anos, eu próprio sou motorista á 18, sempre exerci a minha profissão em Santarém e não era capaz de o fazer numa grande cidade. Esta minha decisão prende-se apenas com o facto de gostar de ficar a conhecer quem me entra pela porta dentro, nunca me esqueço de dizer bom dia, quando me pagam digo obrigado e muito raramente me esqueço da cara do meu cliente.
Embora não consiga manter sempre a minha viatura num brilho por razões obvias, não deixo de entre cada serviço que faço dar uma vista de olhos para ver se fica alguma coisa esquecida, depois então vejo se o banco e tapetes estão em condições.
Poderá nesta altura estar a pensar que o motorista de táxi de Santarém é perfeito e que se está a armar em bom, de facto isso não acontece apenas por uma razão, em Santarém há apenas 32 táxis e ainda é uma cidade onde toda a gente conhece toda a gente, como é fácil de perceber seria mais fácil ficar sem clientes do que limpar os tapetes.
Não sei onde mora e onde ultimamente tem apanhado táxi, não sei se a ASAE tem mandado parar táxis ou não, nem sei muito bem se o podem fazer ou qual o organismo que o deve fazer, o que acontece por aqui e com alguma frequência é a PSP de Santarém quando está a fazer uma operação STOP, abrir as portas do táxi, espreitar para dentro do carro, se encontra algo que não está em conformidade manda limpar e se está mesmo fora do que é aceitável, passa a respectiva contra ordenação.
Quando apanhou o tal táxi, aquele que lhe saltava as mudanças, devia estar a ser conduzido efectivamente por um taxista e não por um motorista de táxi, pode parecer a mesma coisa mas não é, eu sou motorista de táxi porque faço e irei continuar a fazer disso o meu modo de vida tento dignificar a minha profissão o mais possível, o outro é taxista porque talvez tenha ficado sem o seu emprego e então como precisa de ganhar dinheiro, caiu de paraquedas num banco de um carro e já está, foi ordenado taxista.
Sei que é fácil ter a tendência para generalizar, sei que há bons e maus profissionais em todo o lado, sei que há inúmeras queixas sobre a minha profissão, mas caro senhor, se um dia for oportuno venha até Santarém, visite a cidade e viaje de táxi, vai ver que não se arrepende.
Um abraço
Luis Alexandre

22 de outubro de 2008

O meu companheiro

A maior parte do meu tempo é passado dentro do meu táxi, conheço todos os seus defeitos e virtudes conforme ele conhece os meus, sabe de todos os meus segredos, sabe quando estou satisfeito, quando estou triste e sabe particularmente quando eu preciso de descansar.
Como que a convidar-me a descansar, deixa-me recostar no banco preto de napa e por uns instantes deixa-me viajar ao encontro dos meus sonhos, bastam apenas 5 minutos, as viagens que faço são todas de puro prazer, quando acordo motivado pelo som do rádio que tão habilmente deixa ligado vejo que estou no meu mundo real e que estou junto do meu grande e inseparável amigo, é dono de um invejável curriculum conta já com 580000kms, por vezes queixa-se, mas também não é para menos, transporta tanta gente, alguns abrem-lhe as portas com os pés, outros fecham-nas com tanta força que oiço um gemido de dor e de preocupação.
Tento andar com ele aprumado, a carroçaria limpa os estofos e tapetes num brilho, o óleo do motor mudado a tempo e a horas, os sapatos com algum piso para não tropeçar, mas o que não consigo evitar é que algumas pessoas o tratem tão mal que de vez em quando lhe batam covardemente por trás.
Como não consigo andar com o meu inseparável amigo num estado doentio, tratei de o colocar no Sr. doutor, o seu prognóstico é bom e favorável, quinta feira já está outra vez a rolar por essa estrada fora.
Tenho saudades dele tal é a cumplicidade que temos um com o outro.

17 de outubro de 2008

Bate chapas e tinta...

Lá do alto da sua sabedoria, o povo diz:

"Há dias de manhã que um taxista á tarde não deve sair á noite"

Uma manhã cheia de sol, uma temperatura a fazer inveja a qualquer primavera, uma sexta feira com trabalho e uma folha bem apresentada.

Numa rotunda recém criada em Santarém junto ao antigo banco de Portugal o transito não se tem mostrado fácil, mas na expectativa que a reestruturação da cidade a nível rodoviário seja melhorado lá temos aguentado de tudo e mais alguma coisa.

Embora haja trabalho o que não tem acontecido ultimamente, circulo nas calmas e descontraído, afinal é sexta feira e o descanso semanal está aí à porta.
Por um motivo qualquer o transito á minha frente pára, sou forçado a imobilizar a minha viatura, estou parado, olho pelo espelho passo a mão pelo cabelo a ver se estou despenteado, abro a boca, vejo os dentes, deito língua de fora, disse para mim em voz alta, rapaz estás de boa... PUMBA ... o saúde já não o disse.


Já me f_____ o carro.

16 de outubro de 2008

É já a seguir...

Dia difícil este, cada vez mais o trabalho escasseia.
Teresa é a operadora da central, é ela que distribuiu o trabalho pelo rádio, está entre nós vai para 15 anos, santa paciência...
Nas colunas do rádio ouve-se a Teresa mandar um serviço para o ar, Portela das Padeiras nos materiais de construção.
Como estava na praça correspondente ao serviço e como me encontrava em primeiro da fila, lá respondi, demorei 4 ou 5 minutos a chegar ao local.
Já no largo do estabelecimento dirigiu-se a mim um sujeito de meia idade.

Olhe vá ali ao armazém para carregar umas coisitas.

Dirigi-me ao armazém que me indicou e parei junto a um portão verde, lá dentro um empilhador em movimento carregava uma palete de madeira, não pode ser para mim pensei.

Encoste aqui amigo.
Então... mas isto é para eu levar???
Sim sim, é para perto não se preocupe.

3 sacas de cimento
10 tijolos
2 baldes de plástico
2 caixas de azulejos


É já a seguir....

15 de outubro de 2008

Fanfarrão

Começou a Feira Nacional de Gastronomia, Santarém nesta altura fica toda engalanada pois é um certame que traz gentes de todo lado, vem gente boa, gente má e sobretudo alguns fanfarrões.
Santarém nesta altura é visitada por muita gente, uns vêem de carro outros deslocam-se em autocarros e alguns de comboio.
11.40 praça da estação, estávamos 3 ou 4 colegas a conversar e fomos "acordados" por alguém que ao sair da estação falava tão alto que pensávamos ser alguma discussão, afinal não era nada de mais, apenas um grupo de 6 pessoas e onde alguém se fazia destacar pela sua boa disposição.
Aproximaram-se dos carros e eles próprios se dividiram por dois carros, no meu carro entraram 4 barrigas exemplares, de cara redonda e de faces vermelhas lá se compuseram como puderam, aperta daqui aperta dali e todos se conseguiram sentar.
Dentro de um grupo de amigos há sempre alguém que se destaca qual bobo da corte, o tal que nos tinha "acordado" da conversa tinha que me ter calhado, de voz grossa e alta lá ia dizendo algumas baboseiras e os restantes riam AHAHAHAHAH, pareciam estar a cumprir ordens, ele falava e eles riam.
O fanfarrão, o tal bobo da corte, sentou-se ao meu lado disse-me para onde queriam ir e com ar de quem sabe tudo, virou-se para mim e com riso de sacana perguntou,

Ó patrão estamos na terra dos bois e dos toureiros, você é o quê?

Os marretas lá atrás como que ensinados a rir em sintonia, deram uma gargalhada sonora e quase que mal conseguiam respirar de tanto rir, afinal o fanfarrão estava a lixar o taxista.
Esta frase é um chavão que é conhecido, e que dito numa certa circunstancia ninguém a leva a mal, noutras alturas e dito por alguém que não tem o minimo de confiança é uma frase ofensiva.
Ainda os outros não se tinham recomposto de tanto rir e lá vinha outra vez a mesma conversa.
Podia ter entrado na brincadeira dele e dar-lhe uma resposta suave sem ter que o envergonhar, mas este fanfarrão vinha á minha terra, viajar no meu carro e gozar com a minha cara? não, decididamente que não tenho estofo para isso, ele merecia ser tratado de igual modo.

Diga lá homem, você é o quê?
Olhe nem sou uma coisa nem outra, corto os cornos dos curiosos.

Silencio absoluto, nem os marretas se riram, até chegarem ao destino o xico esperto não abriu mais a boca, pagaram, sairam e foram com a cabeça mais leve.