22 de outubro de 2008

O meu companheiro

A maior parte do meu tempo é passado dentro do meu táxi, conheço todos os seus defeitos e virtudes conforme ele conhece os meus, sabe de todos os meus segredos, sabe quando estou satisfeito, quando estou triste e sabe particularmente quando eu preciso de descansar.
Como que a convidar-me a descansar, deixa-me recostar no banco preto de napa e por uns instantes deixa-me viajar ao encontro dos meus sonhos, bastam apenas 5 minutos, as viagens que faço são todas de puro prazer, quando acordo motivado pelo som do rádio que tão habilmente deixa ligado vejo que estou no meu mundo real e que estou junto do meu grande e inseparável amigo, é dono de um invejável curriculum conta já com 580000kms, por vezes queixa-se, mas também não é para menos, transporta tanta gente, alguns abrem-lhe as portas com os pés, outros fecham-nas com tanta força que oiço um gemido de dor e de preocupação.
Tento andar com ele aprumado, a carroçaria limpa os estofos e tapetes num brilho, o óleo do motor mudado a tempo e a horas, os sapatos com algum piso para não tropeçar, mas o que não consigo evitar é que algumas pessoas o tratem tão mal que de vez em quando lhe batam covardemente por trás.
Como não consigo andar com o meu inseparável amigo num estado doentio, tratei de o colocar no Sr. doutor, o seu prognóstico é bom e favorável, quinta feira já está outra vez a rolar por essa estrada fora.
Tenho saudades dele tal é a cumplicidade que temos um com o outro.

1 comentário:

carlos cunha disse...

amigo muxaxo!!! aos anos que a malta não se cruza por aí..Uma coisa puxa a outra e não ´+e que de repente estamos todos a trocar mensagens e a tentar nmarcar um almocito...e como nestas coisas da internet um gajo até consegue entrar na casa dos outros mesmo que eles la não estejam, deparei-me com um texto muito giro sobre o teu fiel companheiro. Então não é que eu tenho um texto que espelha exactamente o mesmo sentimento pelo meu companheiro?? aqui te deixo com ele:

Hoje vou falar-vos do meu amigo Alfredo.
Duvido que haja alguém que tenha um amigo assim, que nunca nos diz não, que nos acompanha sempre que assim queremos, que nos atura más disposições, bebedeiras, mau humor.
Este meu amigo, já me acompanha à quase 10 anos. Foi-me apresentado por um amigo do meu pai, e desde esse dia nunca mais nos separámos. Nem quando teve uma doença grave e o seu corpo nos abandonou para sempre. Alfredo sempre foi um bom coração, no melhor sentido da palavra. Tinha e tem um coração tão bom, que quando o seu corpo disse não, ele doou o seu coração a outro. Eu sei que já não é o meu amigo Alfredo em toda a sua plenitude, mas de todas as formas o seu coração continua a tornarmo-nos seres melhores, pois ele à sua maneira, continua a tocar-nos com a sua magia e o seu pundunor.
Podem dizer que eu já podia ter-me desligado dele, pois há por aí tipos porreiros, mas aquilo que nos une jamais será igual a outro qualquer. As histórias que temos em conjunto, o que passámos juntos, as ilegalidades que cometemos na loucura da juventude…bom é melhor parar por aqui ou ainda começo a chorar.
Estas palavras são dedicadas ao meu querido Ford Fiesta 1800 a gasóleo que está ali á minha porta como que a dizer:
-Bora lá dar uma voltinha…ou então vem só aqui ligar o rádio… para ver se isto se anima…
È assim o meu amigo Alfredo!