30 de março de 2009

Até sempre

Das inúmeras histórias que tenho do meu dia a dia e que fui perdendo a coragem de as contar, há uma pela qual me sinto na obrigação de a mostrar ao "mundo".
De tantos casos que conheço este foi o mais difícil, não sei se pelo facto de não saber lidar com o infortúnio ou se por nunca se estar preparado para tal, acredito que a cultura latina ao contrário de outros povos não saiba lidar com este problema, não falamos entre nós, se falamos fazemo-lo em sussurro e apenas o fazemos com alguém da nossa inteira confiança.
Esta é a ideia com que fiquei da história que tenho para vos contar hoje.

Circulava por entre as velhas ruas de Santarém, não sei se estava acordado se sonhava, lembro-me de ouvir o telefone tocar, do outro lado uma voz conhecida, então?, como vai isso hoje? não era um sonho, era mesmo um pesadelo, o maior que alguém pode ter na vida.

De mão no ar apressou-se a chamar o táxi, parei e disse-me:

Leve-me ao hospital
Pelo caminho as lágrimas corriam em bica, soluçava, as palavras não saiam, as mãos tremiam, um olhar de revolta ao redor de quem passava, o mundo é cruel, mas porquê? meu Deus, mas porquê?

Disse algumas palavras que mal se percebiam, entre um e outro soluço lá foi falando.

Fui fumador durante 32 anos fumava maço e meio por dia não fumo desde o dia 22 de Novembro de 2005, no dia 22 de Novembro agarrei no maço de tabaco e disse em voz alta "nunca mais fumo na vida" até ao dia de hoje nunca mais coloquei um cigarro na boca.
No dia 28 de Outubro de 2005 e por insistência dos filhos a minha mãe foi consultar um cardiologista porque não podia andar dois passos que se cansava como se tivesse andado kilometros. Começou aqui o seu calvário nesse mesmo dia e através desse mesmo médico ficamos a saber que não era coração mas sim o pulmão parado e que provavelmente estava cheio de liquido o diagnóstico não era bom e por isso seguiu para o hospital com carta de recomendação, desde esse dia e até determinada altura não parou de fazer quimioterapia primeiro através da veia, situação que a levou ao coma por não aguentar o veneno e mais tarde após ter conseguido sair desse coma a quimioterapia começou a ser oral através de comprimidos. Passado este tempo todo e após tratamentos sobre tratamentos e por graças a Deus ou a quem quer que seja (eu acreditava e neste momento ainda acredito mais, não sei se há mais alguma coisa para nos agarrarmos mas neste momentos a fé é que manda) dizia eu que com o passar de tanto sofrimento a minha mãe continuava viva e com o tumor a reduzir de tamanho, até quando não sabíamos o que sabíamos sim é que estávamos a ser postos á prova disso eu não tenho duvida. Posso adiantar que o tumor no pulmão da minha mãe é um tumor típico de um fumador... mas a minha mãe nunca na vida fumou só que teve o azar de ter perto dela 3 fumadores o marido e dois filhos.

Durante 40 longos meses a minha mãe lutou, nunca lhe vi uma queixa, nunca lhe vi uma lágrima, nunca a vi interrogar o porquê de ser ela, lutou, lutou, foi lá abaixo tantas vezes como as vezes que veio para cima

A minha mãe morreu.

Estejas onde estiveres, eu sei que estás presente.

deste teu filho que jamais te esquecerá

Luis Alexandre

28 de março de 2009

Próxima paragem

Já lá vão... uns 5 meses talvez, a razão da paragem é desconhecida, sei apenas que não me tem dado vontade de escrever as minha estórias.
Hoje ao passar aqui deu-me uma enorme vontade de entrar, deparei-me com alguns meus amigos a interrogarem-se do motivo da paragem, outros até me atribuíram um prémio, como não sou merecedor dele optei por não o colocar á vista.
Eu volto, e para que isso fique assegurado, deixo o taxímetro ligado e a contar...